IPO é a sigla para Initial Public Offering (ou Oferta Pública Inicial, em português) e se trata de um evento em que a empresa decide abrir seu capital, vendendo ações pela primeira vez ao público em geral. As ações passam então a ser negociadas na Bolsa de Valores (B3).
Na prática, uma companhia fechada busca seu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para se tornar uma companhia aberta, bem como listar suas ações para negociação na B3. Caso a empresa seja sociedade limitada, deverá se transformar em companhia aberta antes de iniciar o processo. Após a conclusão da operação, com o registro da companhia perante a CVM e a listagem das ações perante a B3, qualquer investidor poderá facilmente se tornar um acionista da empresa.
Existem dois tipos de ofertas públicas: a primária e a secundária. As empresas podem optar por ofertas somente primárias, somente secundárias ou primárias e secundárias.
Além do IPO no Brasil, existe a possibilidade de realizar o IPO no exterior (por exemplo, listando ações na Bolsa de Valores de Nova York ou na NASDAQ). Vale lembrar que as orientações a seguir são referentes ao procedimento no Brasil.
Uma empresa leva usualmente de três a seis meses para se preparar para o processo de IPO junto à CVM e B3, e a jornada gera grandes impactos para a sua estrutura organizacional. O tempo adequado de preparação da empresa para o IPO junto aos seus assessores e auditores varia de caso a caso, podendo refletir diretamente no sucesso da transação.
Outra tema necessário diz respeito à auditoria das demonstrações financeiras anuais da empresa, que devem seguir as normas contábeis da lei das sociedades por ações, e as regras da CVM, que estão alinhadas com as normas internacionais de auditoria (IFRS). Além de demonstrações financeiras relativas aos últimos três anos, é preciso apresentar ainda informações financeiras trimestrais do ano corrente para fins de registro na CVM e apresentação aos investidores. Em alguns casos, torna-se importante, ainda, a apresentação de informações financeiras por forma, como no caso de aquisições relevantes e recentes.
A companhia deve pedir o registro de companhia aberta e o registro da oferta pública de distribuição de ações junto à CVM. Paralelamente, é preciso pedir a listagem e a admissão das ações junto à B3, podendo escolher em qual segmento de listagem pretende ingressar (Nível 1, Nível 2, Novo Mercado, Bovespa Mais e Bovespa Mais Nível 2), e cada opção apresenta exigências próprias de governança corporativa. O Novo Mercado é o nível mais sofisticado de Governança Corporativa existente, sendo o preferido por todos os investidores e, portanto, o mais acessado entre as empresas nos últimos anos.
O prospecto é o documento obrigatório para toda oferta pública de ações, que contém as informações necessárias para que os investidores tomem a decisão de investimento na companhia que está abrindo o capital de maneira adequada.
Os dados do prospecto são divididos em dois tipos: uma parte contém os dados sobre a oferta que está sendo realizada, e outra concentrada em outro documento denominado Formulário de Referência, que faz parte integrante do Prospecto, contendo dados sobre a empresa.
Roadshows são reuniões organizadas pelos bancos coordenadores do IPO com analistas financeiros, potenciais investidores e corretoras. Elas contam com a participação dos principais executivos da empresa, como o diretor financeiro e o diretor presidente.
Tais reuniões têm o objetivo de fazer com que investidores conheçam a empresa, seus negócios e sua performance financeira. Por isso, ter uma boa tese para apresentar, incluindo um modelo de negócios bem elaborado, é essencial para atrair o interesse dos investidores, sendo importante a preparação dos administradores com antecedência adequada para fornecer todas as informações necessárias.
O período de reserva consiste em tempo estabelecido na oferta para pedidos de reserva de investidores não institucionais (geralmente pessoas físicas) junto com suas respectivas corretoras. Os investidores deverão enviar pedidos de compra contendo número de ações que pretendem adquirir e o preço máximo que estariam dispostos a pagar.
Já o bookbuilding consiste na formação de um livro de demanda por preço para definir a precificação das ações e a respectiva alocação entre os investidores. Participam desse procedimento, o qual é realizado diretamente pela empresa e coordenadores da oferta, somente investidores institucionais (fundos de investimento, fundos de pensão etc.) apresentando suas ordens de investimento.
Isso permite que a empresa conheça a receptividade da oferta pelo mercado e consiga estabelecer um preço condizente com a expectativa dos compradores, buscando garantir o sucesso do IPO, inclusive na negociação pública após a venda inicial. A seleção da futura base acionária da empresa é uma parte importante na definição da alocação das ações no IPO, considerando as ordens recebidas dos investidores e seu respectivo perfil.
A realização do IPO fornece vários benefícios que ultrapassam os custos do processo, independentemente do setor da empresa.
Ao se tornar uma companhia aberta, a empresa e seus acionistas podem desfrutar de um certo prestígio intangível que muitas vezes não está disponível para concorrentes privados, tendo em vista que sua exposição será muito maior ao mercado em geral.
Tornar-se uma companhia aberta e ter ações negociadas publica e diariamente coloca a empresa em patamar mais elevado de visibilidade perante diversos públicos, aumentando o reconhecimento de sua marca e gerando mais interesse de potenciais clientes, fornecedores, parceiros de negócios, investidores e colaboradores.
O IPO permite que a empresa retenha seus melhores talentos, que são os colaboradores produtivos e com perfil ideal para o negócio. Isso é feito ao oferecer opções de compra de ações como forma de incentivo aos executivos, fazendo com que eles sejam motivados a permanecer e contribuir para o crescimento da organização, beneficiando a si mesmos e aos demais investidores da empresa.
Como a CVM e a B3 exigem que a empresa mantenha suas demonstrações financeiras transparentes e auditadas, os administradores da companhia também podem se valer da preparação da empresa para o IPO para direcionar esforços e aplicar recursos para aprimorar seus controles internos e sofisticar a Governança Corporativa, visando melhorar a qualidade da informação financeira sobre o negócio, e prevenir desvios de conduta.
Uma maior transparência também aumenta a credibilidade da empresa perante atuais e novos investidores, além de reduzir o custo de captação de recursos junto a bancos e financiadores.
Para que o processo de preparação e execução do IPO seja seguro e os prazos pretendidos pela empresa e seus acionistas sejam cumpridos, é necessário contratar profissionais experientes em apoiar empresas nesta jornada, tais como Mattos Filho, que é o escritório de advocacia que mais assessorou empresas em IPOs no Brasil desde o início deste século.